UNIVERSO DO FOREX


Introdução

Nos anos iniciais da minha atividade bursátil achava que o sobe desce dos preços das ações estavam diretamente relacionados com os seus fundamentos. O fato de uma empresa mostrar bons resultados e sinalizar uma trajetória futura favorável deveria se refletir numa subida dos preços e viceversa. No mundo real, entretanto, muitas vezes a coisa não funcionava assim.

 

Na busca de uma resposta, a minha visão sobre o mercado de ações começou a mudar em 1984, quando tive a oportunidade de ler o livro de Joseph Granville intitulado “GRANVILLE’S New Strategy of Daily Stock Market Timing for Maximum Profit”2. Ao término da leitura da primeira página, já havia começado a ver o mercado por um outro prisma. De fato, logo na primeira frase percebi que havia algo novo quando li que “O mercado de ações é um jogo.

 

Todas as referências sobre a situação dos negócios, lucros das empresas, liquidez, taxas de juros, etc. são estratégias do mercado para criar armadilhas aos jogadores que ficam atentos a esses fatores, freqüentemente estranhos, ilusórios, sobre o que o mercado está preste a fazer”. Foi um curto-circuito nas minhas crenças! Decidi, então, estudar análise técnica. Na falta de literatura em português comecei a comprar livros americanos e, aos poucos, fui me auto-educando.

 

Comecei pelo livro do Murphy3, uma obra bastante abrangente e de leitura muito fácil. Sendo um tipo de enciclopédia sobre análise técnica, tomei contato com uma série de teorias e ferramentas que, salvo as técnicas do Ponto-Figura e a do Índice de Força Relativa, nunca ouvira falar. Depois, aos poucos, fui importando livros específicos sobre os principais temas que conheci na obra do Murphy.

 

Meu processo de aprendizado durou cerca de dez anos, durante os quais, tudo o que assimilei foi posto em prática. Tentava um método e não dava certo. Tentava um novo e o resultado se repetia. Assim foi ao longo daqueles anos... Uma seqüência de tentativas frustradas. Não culpo os métodos nem as técnicas por estes desastres sucessivos.

 

Certamente, a culpa foi minha. Hoje, quando olho para trás, percebo que meu erro básico foi de postura. Não me lembro, realmente, se em algum dos livros sobre os quais me debrucei, li alguma coisa sobre seguir o mercado colocado de maneira enfática. Até onde me lembro, todas as teorias e técnicas que aprendi estavam dirigidas para antecipar o que o mercado iria fazer, melhor dizendo, para prognosticar o movimento do preço antes que ele ocorresse.

 

Tudo estava direcionado para formar uma opinião sobre o mercado. Outro aspecto que gerou muita confusão foi o conhecimento e o uso de muitas ferramentas em busca de uma harmonia. Nunca encontrei esta harmonia, quando um indicador dizia pau o outro dizia pedra. Mas, é fácil de entender o porque dessa falta de sintonia.

 

Basicamente, existem dois tipos de indicadores: os rastreadores de tendência (o MACD, Movimento Direcional, o Parabólico, as Médias Móveis, etc.) e os osciladores (o ÍFR, o Estocástico, o Momento, o William %, etc.). Como cada um deles é construído com lógicas diferentes e seus autores recomendam que sejam usados com determinados defaults, rastreiam e oscilam em tempos diferentes. Assim, enquanto um oscilador pode estar sobrecomprado, no mesmo instante um outro pode estar sobrevendido.

 

Então, qual é o que está certo? Em qual se pode confiar? Qual a periodicidade ideal? O mesmo vale para os rastreadores. O MACD já pode ter sinalizado compra enquanto o Movimento Direcional ainda não. Se esperar que ambos entrem em sintonia, pode ser tarde para um deles. Enfim, convivi durante anos com estes e outros tipos de problemas, sobre os quais não vejo necessidade de me alongar.


Após muitos anos marcando meus gráficos manualmente com lápis e papel apropriado, já tinha adquirido uma grande intimidade com a análise gráfica. Sabia definir os níveis de suporte e resistência, bem como, traçar as linhas de tendência significativas com perfeição. Apesar disso, não era por aí que tomava as minhas decisões, ou melhor, o gráfico era determinante apenas quando conseguia identificar um padrão de reversão ou de continuação, sem dar a devida importância à teoria de Dow. Preferia avaliar o mercado através das teorias e ferramentas usando o gráfico apenas para determinar o ponto de entrada.


A primeira vez que ouvi falar em Simetria foi em 1994, quando acidentalmente, tive a felicidade de tomar contato com o livro “The Adam Theory of Markets or What Matters is Profit” escrito por Welles Wilder Jr. Naquela época, já havia notado nos meus gráficos uma tendência a repetição, no sentido inverso, toda vez que um movimento se invertia. Melhor dizendo, notava que a maioria dos gráficos tinham uma propensão a formarem topos e fundos em forma de “V” ou de “V invertido”.

 

Entretanto, não sabia o que fazer com aquilo, nem como tirar algum proveito em termos operacionais. Ao ler o livro descobri que aquilo que eu apenas via como uma coincidência, tinha servido de base para uma nova abordagem gráfica, transformado numa nova teoria denominada de “Adam Theory”4 ou método da Reflexão Dupla. E mais ainda, sabia agora o que procurar nos gráficos!


Depois de experimentar esta técnica durante um tempo, desenvolvi uma variante que denominei de “Simetria Sanfonada”, de onde se originou este curso. Extremamente simples na sua aplicação, é mais fácil ainda nos seus critérios de compra e venda. Além disso, quase não necessita de indicadores complementares, apenas índices setoriais para dar uma idéia geral dos diferentes cenários do mercado.

 

Embora a Bovespa não dispusesse de índices setoriais para todos os setores, o uso da linha de avanço e declínio me permitiu desenvolver índices para todos os setores de um modo bem simples e totalmente confiável, como veremos mais adiante.

 

Este curso, embora muito simples, em tese não deveria ser para leigos. Seria preciso que já tivesse algum conhecimento prévio, principalmente de análise gráfica. Como não tem, decidi ministrá-lo virtualmente para que no futuro esteja preparado para fazer o meu curso avançado ou qualquer outro que deseja participar.

 

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