
UNIVERSO DO FOREX
TENDÊNCIAS
Vimos no estudo do ziguezague que ele é o padrão básico da direção dos preços, podendo ser ascendente, indefinido e descendente. A permanência de um preço numa determinada direção, durante um período de tempo, nos leva ao conceito de tendência.
Assim, temos que: Tendência de Alta é uma sucessão de topos e fundos ascendentes (uma sucessão de ziguezagues para cima). Tendência de Baixa é uma sucessão de topos e fundos descendentes (uma sucessão de ziguezagues para baixo).
Tendência Lateral ou em Linha é uma sucessão de topos e fundos horizontalmente irregulares (uma sucessão lateral de ziguezagues irregulares). No diagrama abaixo, as definições acima ficarão mais evidentes:
Aproveite o gráfico utilizado para exemplificar os ziguezagues e veja quantas tendências de alta, baixa e indefinidas consegue identificar. Examinados estes conceitos básicos, necessários para melhor compreensão do curso, podemos começar a nossa caminhada pela estrada da análise técnica. Apesar das muitas variantes da escola técnica, neste curso nos concentraremos sobre o desenvolvimento de um método operacional construído através da combinação de algumas das suas principais teorias. Acredito, convictamente, que ao seu término estará capacitado a enfrentar o mercado como nunca esteve antes.
A primeira pessoa a formular uma teoria para o estudo do movimento dos preços utilizando um gráfico foi Chales H. Dow, que foi o fundador da Dow, Jones & Company, na época, a maior agência de notícias financeiras e um dos proprietários do Wall Street Journal, que ele editou até a sua morte em 1902, aos 52 anos.
Durante os últimos anos de sua vida ele escreveu alguns editoriais sobre as especulações com ações que são o único registro pessoal de suas observações das características recorrentes do mercado de ações. Estas observações foram feitas baseadas no movimento diário do índice dos preços das ações das companhias ferroviárias e do índice das ações industriais. Dow não designou suas observações sobre o mercado de ações como a Teoria de Dow. Isto foi feito pelo seu amigo S. A. Nelson, que escreveu The A B C of Stock Speculation em 1902. Ele foi o primeiro a tentar explicar os métodos de Dow de um modo prático.
William Peter Hamilton, que trabalhou com Dow, levou adiante os seus estudos e interpretações da teoria através de editoriais ocasionais no Wall Street Journal. Em 1922 escreveu The Stock Market Barometer, um livro em que explica com mais detalhes a teoria de Dow.
Nesta obra, algumas das observações de Dow foram colocadas como princípios, dos quais abordaremos apenas os que dizem respeito à metodologia operacional que estamos desenvolvendo. As Três Tendências: -- O “Mercado”, significando o preço das ações em geral, move-se em tendências das quais as mais importantes são as Primárias . Elas são longos movimentos para cima ou para baixo que duram normalmente um ano ou mais e resultam em grandes valorizações ou desvalorizações dos preços. Os movimentos na direção da tendência Primária são, algumas vezes, interrompidos, em intervalos, por oscilações Secundárias na direção oposta ¾ reações ou “correções” quando o movimento Primário foi além de si mesmo (exagerou) e precisa, então, recuperar forças para prosseguir.
Finalmente, as tendências Secundárias são compostas pelas tendências Terciárias que refletem a oscilação do dia-a-dia. Diante do exposto no parágrafo anterior podemos dizer que uma Tendência Primária de Alta é formada por uma sucessão de subidas e descidas secundárias, onde cada movimento (perna) de alta ultrapassa o topo do movimento (perna) de alta precedente e cada movimento (perna) de baixa volta a subir (reverte) de um nível mais alto que o fundo do movimento (perna) de baixa precedente.
Isto é o que definido, pela Teoria de Dow, como Mercado de Alta. Inversamente, Tendência Primária de Baixa é formada por uma sucessão de subidas e descidas secundárias, onde cada movimento (perna) de baixa ultrapassa o fundo do movimento (perna) de baixa precedente e cada movimento (perna) de alta volta a cair (reverte) de um nível mais baixo que o topo do movimento (perna) de alta precedente. Isto é o que definido, pela Teoria de Dow, como Mercado de Baixa.
De maneira idêntica podemos afirmar que uma Tendência Secundária de Alta é formada por uma sucessão de subidas e descidas terciárias, onde cada movimento (perna) de alta ultrapassa o topo do movimento (perna) de alta precedente e cada movimento (perna) de baixa volta a subir (reverte) de um nível mais alto que o fundo do movimento (perna) de baixa precedente. Inversamente, Tendência Secundária de Baixa é formada por uma sucessão de subidas e descidas terciárias, onde cada movimento (perna) de baixa ultrapassa o fundo do movimento (perna) de baixa precedente e cada movimento (perna) de alta volta a cair (reverte) de um nível mais baixo que o topo do movimento (perna) de alta precedente.
As Tendências Secundárias geralmente duram de três semanas a alguns meses, raramente mais. Costumam retroceder (corrigir) de um terço a dois terços da Tendência Primária precedente. As Tendências Terciárias seguem o mesmo padrão das duas anteriores, mas formadas por flutuações que em si mesmas são pouco significativas. Estes movimentos são de curta duração, em geral menos de seis dias, raramente mais do que três semanas.
Com o intuito de facilitar o entendimento da classificação das tendências, segue-se um diagrama. Esclareço, entretanto, que no mundo real, os ziguezagues raramente se desdobram de maneira tão certinha assim. Muitas vezes, terá que lançar mão de recursos complementares para melhor identificá-las. Alguns desses recursos podem ser: traçar linhas de tendência ou marcar o canal, visualizar o gráfico em linha utilizando apenas os preços de fechamento, subir de periodicidade, o uso de indicadores complementares (médias móveis), etc. Tudo isto será visto mais para frente.
Parece um quadro do Volpi, mas não é. É o uso das cores com objetivo didático. A linha preta contínua é o gráfico de preços computados apenas pelo valor dos fechamentos. Todo o desdobramento incluso na área azul mais escura até o topo mais alto é o que chamamos de uma tendência primária de alta. Todo desdobramento incluso na área cinza a partir do topo mais alto (à sua direita) é o que chamamos de uma tendência primária de baixa.
Reforçando, ambas são formadas por tendências secundárias de alta (área azul claro) e de baixa (área vermelha). Estas, por sua vez, são formadas por tendências terciárias de alta (área verde) e de baixa (área amarela). Com estes esclarecimentos acredito que não fique nenhuma dúvida sobe a classificação das tendências. Mas, se ainda restou alguma, entenda deste modo: As tendências secundárias são subdivisões das Tendências Primárias (um grau abaixo); as Tendências Terciárias são subdivisões das Tendências Secundárias (um grau abaixo). As tendências terciárias são subdivisões da Tendência primária (um grau abaixo da secundária e dois graus abaixo da primária).
Finalmente, resta comentar que, algumas vezes as pernas das tendências secundárias e terciárias se confundem, isto é, devido à velocidade do movimento e à sua extensão, podem ser a mesma. Um exemplo pode ser visto na última secundária de baixa da Tendência primária de baixa, onde as setas vermelha e amarela estão superpostas no mesmo movimento.
Dica: Quando for classificar a Tendência Primária de um ativo qualquer terá seu trabalho facilitado se utilizar o gráfico de periodicidade mensal. De modo idêntico, o gráfico semanal facilitará na percepção da Tendência Secundária e o diário a da Tendência terciária. Veja a seguir um gráfico mensal do Bovespa onde pode observar sua evolução durante um período de 12 anos.
Poderá constatar que em alguns níveis, a seqüência dos topos e fundos ascendentes passam por períodos de difícil identificação, interrompendo o padrão anterior (ficando indefinidos). Aproveitando o exemplo abaixo, marque os topos principais e intermediários e, em seguida, verifique quantas tendências primárias de alta e de baixa consegue identificar:
Deve Ser Assumido Que Uma Tendência Continua Em Andamento Até O Momento Que Uma Reversão Tenha Sido Definitivamente Assinalada: Enquanto uma sucessão de topos e fundos ascendentes (Tendência de Alta) ou topos e fundos descendentes (Tendência de Baixa) mantiverem o padrão, deve ser assumido que a Tendência continua em andamento, até o momento em que uma reversão estiver caracterizada.
A reversão de uma Tendência de Alta se caracterizará, quando houver uma falha na tentativa de ultrapassagem do topo precedente (ou anterior), seguida de uma penetração do fundo precedente (ou anterior). A reversão de uma Tendência de Baixa ocorrerá, quando houver uma falha na tentativa de ultrapassar o fundo precedente (ou anterior), seguida de penetração do fundo precedente (ou anterior). Assim, temos:
Preços de Fechamento: -- Todas as considerações da teoria de Dow baseiam-se nos preços de fechamento, trabalhando sempre com os gráficos em linha. Isto é, os gráficos são construídos unindo-se apenas os preços de fechamento. Abertura, máxima e mínima são desprezadas. Abaixo pode ver o gráfico de barras de Petrobrás e o mesmo gráfico em linha. No momento de avaliar as tendências, este recurso facilita tremendamente a visualização da direção dos ziguezagues.
Os três princípios que acabamos de examinar é tudo o que precisa saber da Teoria de Dow para o desenvolvimento da nossa metodologia operacional. Ficaram faltando, entretanto, dois complementos que precisa conhecer que não fazem parte de nenhum dos princípios da Teoria de Dow, mas que achei melhor introduzi-los somente após ter aprendido o que é uma tendência.
1) Quando expliquei o que eram topos e fundos, como ainda não havia introduzido o conceito de tendência, evitei falar em topos anteriores e fundos anteriores para não complicar. Como notará, ao ler a revista e no andamento do curso, são os termos mais utilizados nas formulações das estratégias operacionais. Por isto, é preciso que fique bem entendido.
Assim,
Na figura A (tendência de alta):
situando-se em “F”, “T” é o topo anterior;
situando-se em “T1”, “T” é o topo anterior e “F” o fundo anterior;
situando-se em “F1”, “F” é o fundo anterior e “T1” o topo anterior.
Na figura B (tendência de baixa):
situando-se em “T”, “F” é o fundo anterior;
situando-se em “F1”, “T” é o topo anterior e “F” o fundo anterior;
situando-se em “T1”, “T” é o topo anterior e “F1” o fundo anterior.
Na figura C (tendência indefinida):
situando-se em “F”, “T” é o topo anterior;
situando-se em “T1”, “T” é o topo anterior e “F” o fundo anterior;
situando-se em “F1”, “T1” é o topo anterior e “F” o fundo anterior;
situando-se em “T2”, “T1” é o topo anterior e “F1” o fundo anterior;
situando-se em “F2”, “T2” é o topo anterior e “F1” o fundo anterior;
situando-se em “T3”, “T2” é o topo anterior e “F2” o fundo anterior;
situando-se em “F3”, “T3” é o topo anterior e “F2” o fundo anterior;
2) As periodicidades conflitantes das tendências
A maioria dos investidores ignora o fato de que o mercado está simultaneamente em Tendência e em Área de Indefinição.
Olham para uma periodicidade tal como diária ou horária e procuram por operações sobre os gráficos diários. Com sua atenção fixa sobre gráficos diários ou horários, Tendências de outras periodicidades, tais como semanal ou de 15 minutos, passam por ele e destroem seus planos.
Uma Tendência pode parecer de alta num gráfico diário e de baixa num gráfico semanal e vice-versa. Os sinais de um mesmo mercado em diferentes periodicidades, freqüentemente se contradizem um ao outro. Qual deles você seguirá?
Os sinais conflitantes de diferentes periodicidades de um mesmo mercado são um dos grandes quebra-cabeças da análise do mercado. Quando estiver em dúvida, suba sua análise para uma periodicidade mais longa. Dê um passo atrás e examine o gráfico de uma periodicidade mais longa do que a que está tentando operar. Procure olhar a floresta e, não, as árvores mais próximas.
Observe os gráficos mensal, semanal e diário de Petrobrás preferencial da próxima página, todos com a mesma data de fechamento, e defina qual sua tendência na época. Alguém que estivesse apenas observando o gráfico diário, diria que é de baixa. Um outro que estivesse observando o gráfico semanal diria que está indefinida e, finalmente, um terceiro que estivesse observando o gráfico mensal diria que é de alta. Qual delas operar? Se pretender operar utilizando o gráfico diário observe a tendência predominante no semanal e opere o diário priorizando a direção da semanal. Se pretender operar um gráfico de hora, opere priorizando a direção do gráfico diário e assim sucessivamente.
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